Giselle Kenj é uma das mais conhecidas dançarinas de dança do ventre do Brasil. Está constantemente na mídia devido à beleza e versatilidade de seus shows, sempre acompanhada por suas inseparáveis e exóticas serpentes, algo que acaba conferindo uma graça especial às suas performances.
Sempre cheios de surpresa, seus shows são preparados com muito cuidado e um zelo especial com o requinte das roupas.
Dedicação semelhante ela tem para com sua forma física. Para tal, rende-se não somente ao estudo e prática da dança do ventre, mas também à musculação, pole dance e outros exercícios que a mantém nesta forma invejável no auge de seus 50 anos! Saiba como ela faz tudo isso nesta entrevista concedida ao Catanduva Fashion.
Catanduva Fashion – Nossa revista virtual fala de moda, beleza, pets, viagens, cultura... Vamos mostrar Giselle em todo esse espectro, começando pela moda, ou seja, suas roupas de dança, que são incríveis. De onde elas vêm, meu Deus?
Giselle Kenj – Elas vêm da minha
criação inicialmente. Antes de tudo imagino o figurino e as cores, crio o tema
e depois marco horário com meu estilista, Robby Moutinho do Tony & Robby
Atelier. Escolhemos assim o design final e materiais que serão utilizados. Ai,
eu não faço mais nada, somente aguardo o figurino lindo estar pronto. Provo
somente uma vez, pois ele nunca erra. Ele é impecável. Importante
saber que ele me conhece bem, então ele sabe que sou ousada e como gosto
de mostrar algumas partes do meu corpo, como os ombros por exemplo. Então, não
tenho figurinos com alças laterais.
CF – Partindo agora pro assunto "beleza": quais seus segredos pra estar nesta ótima forma? Recentemente
num programa de TV, você divulgou sua idade e eu achei incrível, realmente nao
parece. Que idade você tem mesmo? Eu sei que é mais de 40.
GK – Eu tenho 50 anos (risos), me
divirto com esta cronologia. Eu criei técnicas específicas dentro da
dança do ventre. Técnicas para desenvolver movimentos e técnicas de
condicionamento. Além disso, há uns três anos, resolvi melhorar minha
massa muscular pois a estava perdendo, como qualquer um depois dos 30. Nós que
dançamos não adquirimos massa e sim a perdemos, então confesso que emagreci
dançando, adquirindo uma forma extremamente feminina através da dança, mas
resolvi fazer musculação e faço mesmo de verdade, direitinho há três anos.
Fiquei mais bela, adorooooo! E também resolvi desenvolver mais uma arte, o
pole dance, que é bárbaro, desafiante e enaltecedor da alma. Quer mais? (risos).
CF – Vamos falar do seu trabalho
agora, dos seus shows, das suas aulas, onde você se apresenta... Como as
pessoas podem te contatar e como são seus shows?
GK – Há uns quatro anos, decidi viver
mais de shows, estagnando as turmas de aulas. Dou aulas apenas particulares de
especialização, workshops e palestras. Crio coreografias específicas para
espetáculos. Faço shows há mais de vinte anos na noite de São Paulo, outros Estados e fora do Brasil. Às sextas, no Tantra da Granja Viana, aos
sábados no Tantra da Vila Olimpia, no Dunas (ver agenda da casa) e eventos
fechados. Meu show é iniciado com véus de seda ou véus wings, seguido da Dança
da Espada e finalizando com a Dança da Serpente. Isso tudo com música ao vivo
no Tantra. É um formato de show que funciona bem lá, pois preciso que o show
dure de 20 a 30 minutos. Faço show em dois ambientes da casa. Um lugar
belíssimo e exótico (www.tantrarestaurante.com.br). No Dunas danço
nas noites árabes com mais belas bailarinas, e somos acompanhadas do músico
Mohamed Azra, George Mozayek e Bruno. Meu site é www.gisellekenj.com. Para os shows temáticos crio o que têm a ver com
o evento, dançando com candelabros, espada, serpente, véus, punhal, leques,
taças, bastão, etc. Todas as modalidades da dança. Estou sempre criando e
inovando. Já dancei com duas das minhas serpentes e sempre inovo a maneira
de dançar. Adoro desafios e quanto mais trabalho mais crio, mais fértil fica
minha imaginação. É um universo maravilhoso!
CF – Há quanto tempo você lida com a dança
do ventre, o que te levou a essa descoberta e de que forma você foi se
aperfeiçoando?
GK – Há 21 anos realmente vivo
da dança. Considero profissão somente quando você vive daquela atividade.
Comecei a dançar com 5 anos e meio, por intermédio de uma tia linda do
coração, Tia Marie. Sou auto-didata e me aperfeiçoei a partir de vídeos da
Nadia Gamal, Nagwa Fouad inicialmente e depois também observando a
Dellilah, americana. Fiz jazz, ballet moderno e atualmente Pole Dance e Dança Contemporânea. Mas sempre digo que o aperfeiçoamento vem na
prática... dançando não na sala de aula e sim para um público. Digo isto
porque primeiro: você dança para pessoas que não conhece, e você deve
agradá-las com seu trabalho, pois elas não são suas amigas (risos). Segundo:
você não pode ter margem de erro, pois está sendo observada e devorada.
Principalmente quando está com algum acessório como espada. Muitos torcem para
a espada cair. É triste, mas assim é o ser humano. Terceiro: para um público você tem
que inovar sempre, até porque você cansa de si mesma e quer fazer coisas novas
e aí neste momento é que você descobre potencialidades. Delícia! Cruel e inovador! Cruel porque
te desafia a cada momento e inovador porque te obriga a criar e mudar o tempo
todo.
CF – Partindo agora pro Thot, que é
parte importante nao só dos teus shows, mas da tua vida. De onde veio esta sua
paixão por cobras? Pela beleza dela? Pelo exotismo?
GK – Na verdade sou bióloga formada.
Sempre admirei as serpentes, mas de início elas me intimidavam um pouco sim. Elas
são animais de muita personalidade e elas sempre irão se impor perante o ser
humano. Eu estudei em São José do Rio Preto, Biologia na UNESP e havia a casa
das cobras, que eu amava. Eu ficava nas horas vagas da faculdade na casa das
cobras admirando estes animais maravilhosos. Quando acabei a faculdade e vim
para São Paulo, eu comecei a sonhar com uma cobra amarela e no sonho eu era
muito feliz. Tive o mesmo sonho e sonhos parecidos com esta serpente e
resolvi procurar este baby. Encontrei! (risos).
CF – Sua ascendência é egípcia mesmo? Isso colaborou para o seu interesse pela cultura do Oriente Médio?
GK – Sou filha de árabes. Meu pai
sírio, naturalizado brasileiro, e minha mãe, filha de libaneses e
gregos (risos). Ouvia músicas árabes desde pequena, língua árabe, costumes
árabes, gastronomia, cultura e problemas árabes (risos). Meu pai odiou quando eu disse que
queria dançar, viver de arte. Foi um grande problema. Ele me deu a escolha
entre a família e a arte. O que acham que eu escolhi ? Arte. Sai de casa,
batalhei muito para me manter e depois para crescer, mas... hoje acho que
ele me ajudou muito com esta atitude. Talvez eu não soubesse quem eu era e o
como sou forte se não fossem estes acontecimentos.
CF – Quais os maiores mitos que
as pessoas têm para com as cobras? Eu percebo que ela interage muito bem com você, até dorme com você. Elas também demonstram carinho? Quais os cuidados que a pessoa que tem
um bicho desses deve ter?
GK – Acredito que o maior mito que as
pessoas têm com as cobras é que elas vão atacar sem nenhum motivo, e que elas
são agressivas. As serpentes só atacam em duas situações. Primeira: se elas
tiverem que se defender, se elas se sentirem ameaçadas. Segunda: quando atacam
suas presas. Concluindo, para se alimentarem. Em geral, o ser humano vai até
seu território e a ameaça, ou destrói a natureza e elas saem procurando
lugares para viver. O ser humano sempre é o culpado. As serpentes estão sempre
na delas, não incomodam ninguém. Meu baby Thot é um fofo, e interage completamente
comigo. Dormimos no mesmo recinto (risos). Demonstram muito carinho sim e são
delicados. Os cuidados que se devem ter com estes animais são: espaço, higiene
do local sempre, temperatura, umidade, alimentação de qualidade e com
frequência e principalmente atenção e carinho. Eles se tornam muito especiais.
CF – Sua cobra se apresenta com você,
agregando um toque a mais especial nos teus shows, mas ela também já foi problema na sua vida? Com
namorados ou visitas de amigos em geral?
GK – Minha serpente se apresenta
comigo e por isso toda responsabilidade dela é minha. Eu cuido dela, a
alimento, limpo o recinto, mantenho a melhor temperatura e umidade, enfim, dou
toda e melhor qualidade de vida a ela, ou elas. Eu tenho
certeza que elas me amam. Eu estou à
disposição dela. Ela só é o que é, e age como age porque quer. Porque se um
animal selvagem não se sente bem ele demonstra de alguma maneira.
Minhas serpentes nunca serão problema para mim, pois eu escolhi tê-las, então
minha responsabilidade é total e irrestrita. Eu me adaptei às serpentes e seu
comportamento. Elas são encantadoras. Quanto a visitas e namorados, não tenho
muitos comentários, porque eu não exponho meus babies e sou bem reservada.
CF – Quantas cobras você tem?
GK – Quatro. Thot, Rah, Hórus e Shiva. Thot, Rah e Hórus são albinos e o Shiva pigmentado. Todos
Piton Molurus.
CF – Que outros apetrechos você utiliza nos
teus shows e qual a história deles? Inclusive, tem uma história interessente que eu ouvi
você contar sobre o candelabro e a influência de Israel, né?
GK – Utilizo os véus de seda, véu
wings, taças, candelabro, espada, sagat e bastão. A história do
candelabro é bem interessante, sim. A Dança do Candelabro é uma herança de
Moisés na Terra Vermelha, o Egito. Veio do Menorah hebraico, com sete velas. As
mulheres equilibravam o candelabro na cabeça. Agora é bem mais fácil, pois o
candelabro se encaixa em nossas cabeças. Adoro todas as modalidades de dança.
CF – Sou casada como turco. Você
conhece a dança turca? É muito diferente da egípcia? Quais os tipos de dança do
ventre que existem e quais suas origens?
GK – Conheco a dança turca, mas sem
aprofundamento.Conheço mais a dança do ventre turca e não as folclóricas.
A dança do ventre turca é bem diferente na postura da mulher e nos figurinos.
Tem alguns ritmos específicos. Temos a dança do ventre árabe, grega, egípcia e
turca, cada uma se destacando de acordo com sua região de origem. Todas têm a
sua beleza.
CF – Pra quais países já viajou em
suas andanças por pesquisas e afins?
GK – Egito, para estudo e
conhecimento de Egiptologia. Daí vem o meu conhecimento da dança egípcia.
Inglaterra e França também, por causa dos egiptólogos e dos museus e
exposições. França, Espanha, Holanda, Alemanha,
Irlanda e Inglaterra para dançar.
CF – Qual sua rotina diária - de
exercícios, shows, aulas, etc?
GK – Faço musculação pelo menos cinco
vezes por semana para manter a massa muscular e a força. Faço treinos de pole
dance avançados duas vezes por semana. Dou aulas de dança egípicia e pole
dance particulares.
CF – Você já passou por situações
engraçadas envolvendo a Thot? Conte algumas.
GK – Engraçadas ? Eu me mato de rir
com todas as minhas serpentes, pois eles são engraçados. Eles brincam de
esconde esconde, saem debaixo do edredon só com a cabecinha para saber o que
eu estou fazendo, se enfiam na bolsa quando vou sair... mas um fato bem
engraçado foi uma vez que entrei no quarto e não vi o Thot. Na verdade eu já
tinha preparado o banho dele e ele não gosta muito. Dei um belo banho nele
naquele dia um pouco antes de ele sumir (risos). Comecei a procurá-lo e
nada... nada mesmo, pirei, mas sabia que sumir era impossível... Olhei debaixo da
cama mil vezes e nada. Sabia que ele não estava nos armários pois estavam
fechados. 'Ai ai ai', pensei, aí me deu uma louca de olhar debaixo da cama de
novo e vi uma saliência no forro da cama Box. Coloquei a mão e senti o corpo
dele, me matei de rir. Ele havia encontrado alguma brecha no forro e
abriu mais , entrou e se escondeu. Tive que cortar o forro para tirá-lo
com segurança. Tive que recolocar outro forro com mais
segurança. Quem disse que ele gosta de banho? (risos).
Outra vez foi engraçado também,
quando eu estava dirigindo numa estrada e não estava em dia com o IPVA. Faz
muito tempo, uns dez anos. Então, um guarda fez sinal para eu parar. Pensei
super rápido: estava com o Thot e tirei ele da cesta e o coloquei no meu
corpo, junto com o cinto, é claro. Quando o policial viu o Thot , ele me
perguntou se era de verdade, e eu disse que sim. Disse a ele que eu ia pegar os
documentos, mas ele me mandou embora. "Pode ir, não precisa não", ele me
disse. Escapei de uma bela multa.
CF – Pra finalizar: a dança do ventre
é fashion? Por quê?
GK – A Dança do Ventre, apesar de ser
uma arte milenar, é fashion e muito. Começou com a utilização de sapatos, o
que ornamenta e enriquece em muito o figurino. Tem cada sapato maravilhoso, não
é ? Os figurinos são fashion, eles vêm evoluindo e mudando em estilos desde o
início, no estilo das saias, dos bordados, na ausência das franjas, em tudo. Já
foram utilizadas tiaras, ornamentos na testa, binds, cinturões mais largos,
etc. Loucura total! Muitas destas influências acontecem com alguma
personalidade da dança, que através de seu nome, quando forte, marca e é
imitado. Nem sempre dá certo, por exemplo, uma bailarina começou a utilizar
mini saias, mas não pegou muito, pois a maior força e beleza da dança, na minha
concepção, está no mistério. E quando se usam mini saias, todo o segredo da
dança, que está nas pernas é desvendado. Opinião minha. Fashion também por causa da Cantora
Shakira, que utiliza muitos movimentos desta dança em suas performances.
Deixo uma mensagem a todos que lerem
esta entrevista:
Utilizem da melhor maneira esta dança
que é pura energia. Energia que proporciona benefícios. Utilizem com sabedoria! Procurem seu crescimento pessoal dentro dela e não se preocupem em fazer o
que as outras fazem, mas sim criar seu próprio estilo e desenvolver suas
potencialidades.
...mto show a entrevista Dri! ...Dança do ventre é realmente uma dança encantadora em todos os sentidos...adoroooooooooo!
ResponderExcluirEu também adoro, tanta arte, tanta beleza...
ExcluirAdoreiiii, sensacional ...
ResponderExcluirQue bom, Azizah, ficamos contentes. Espero que vc continue conferindo os artigos do nosso blog. Bjs.
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