domingo, 9 de fevereiro de 2014

Moda: a nova profissão da moda

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Gótica por opção e vintage no trabalho realizado para a exposição fotográfica Fashion History, quando posou para o ensaio “Anos 50”, além de linda, Fernanda Ribeiro é talentosa e uma promessa para o mundo da moda, na frente das lentes ou por trás delas.
Fernanda estuda Moda na Unirp, em São José do Rio Preto SP, mas a estudante já tem trabalhos belíssimos que já podem ser apreciados.
Com a intensificação do mercado da moda no Brasil, cresceu também o interesse dos jovens não somente por serem modelos. Eles também estão escolhendo profissões em que possam atuar nesse mundo da moda. Com isso, os cursos de Moda começaram a bombar no Brasil. Antes, muito restritos e encontrados somente em São Paulo, agora estão aqui pertinho, ao alcance das pessoas da região. Sobre isso fala exclusivamente Fernanda, que se forma este ano, ao Catanduva Revista.

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Catanduva Revista – Que matérias integram o curso de Moda de Rio Preto?
Fernanda Ribeiro – São inúmeras. Temos, por exemplo, modelagem e ateliê, produção de moda, laboratório de criatividade, desenho de moda e desenho de jóias. Tenho aula de CorelDraw, que é um programa no qual é possível fazer desde a ficha técnica e desenho técnico das roupas até ilustrações e estampas diversas. É possível aprender mais sobre a parte teórica da moda e aprender a escrever e a discutir sobre ela nas matérias de História da Arte/Moda, teoria da comunicação e semiótica. Também temos aula de fotografia, que é a que eu mais amo e nela aprendemos a fotografar tanto no estúdio quanto fora dele.

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CR – O que a motivou a estudar moda?
FR – Não há apenas uma coisa que me motivou e sim uma série de fatores. Eu sempre amei tudo relacionado à moda. Sempre gostei de ler sobre o assunto, além de me interessar muito por editoriais de moda, e também sempre amei desenhar e inventar roupas, além de customizar as minhas próprias. E não posso esquecer-me de falar do meu amor por cinema e por figurino, que também me impulsionou na escolha do curso.

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CR – Que trabalhos já realizou?
FR – Tenho ilustrações que eu faço em casa quando tenho tempo e alguns trabalhos temáticos feitos na faculdade. Eu adoro utilizar materiais diferentes. Quando eu fiz uma coleção conceitual inspirada no diretor Tim Burton, utilizei esmalte para pintar a maioria das roupas.

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CR – Quais seus planos?
FR – Gostaria de trabalhar na criação de moda como estilista ou na área de figurino, que me encanta muito. Mas estou aí para o que vier.

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CR – Você acha que o período atual é propício no Brasil para a profissão?
FR – É inevitável afirmar que esse tipo de mercado é mais desenvolvido nos grandes centros do país. Mas eu acredito que o período é propício, sim, e que a tendência é que o mercado da moda cresça a cada dia mais no Brasil, já que o consumo de itens do vestuário tem aumentado a cada dia. Além disso, o nosso país está entre os maiores produtores de confecção do mundo! Vários estilistas do nosso país têm ganho seu espaço no cenário da moda mundial e isso tem feito esse mercado crescer. E por conseqüência estão sendo necessários mais e mais profissionais competentes no ramo.

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CR – Em quais áreas um profissional de moda pode atuar?
FR – Essa pergunta é legal porque algumas pessoas acham que, se você faz moda, ou será estilista ou costureira, mas isso não é verdade. É possível atuar como jornalista de moda, fotógrafo de moda, além de produtor de moda, montando looks e cuidando de todo trabalho nos bastidores, tanto em desfiles como em editoriais de moda, por exemplo. Também existe a área ligada ao marketing e à venda dos produtos fashion, a área de consultoria de moda, estamparia e também de modelagem, e o ramo ligado ao figurino, tanto de teatro como de TV e cinema, entre outras coisas.

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CF – O que te atraiu mais no estilo gótico?
FR – Acho que a beleza meio obscura do gótico. Tanto o período histórico como o estilo tem certo ar de mistério. Mas falando de um ponto de vista mais ligado à roupa em si, sempre amei preto, roxo, magenta, rendas, crucifixos e todas essas coisas.

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CF – Como vc avalia o cenário atual da moda no Brasil e no mundo?
FR – Acho que o cenário da moda tanto no Brasil como no mundo está muito competitivo, já que a moda está mais acelerada do que nunca esteve e penso que isso se deve à globalização. As pessoas recebem as informações muito facilmente hoje em dia, portanto, o que eu vejo atualmente é que muitas coisas que você antes só encontrava no exterior, já podem ser encontradas aqui no Brasil, e vice-e-versa, assim como muito do que é moda hoje pode deixar de ser e virar algo cafona em um piscar de olhos. Tudo  isso, apesar de ser meio assustador ajuda muito a indústria da moda, que vai passar a ter necessidade de ser a cada dia mais competitiva, criativa, além de ter que contar com profissionais cada vez mais competentes.

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CF – O que falta na moda brasileira pra ela definitivamente decolar no mundo?
FR – Eu acho que (não generalizando) muitos estilistas brasileiros se preocupam em criar roupas com “a cara do Brasil”. Eu fico me perguntando se Chanel e outros estilistas alguma vez se preocuparam tanto em fazer algo com a cara do seu país. É claro que a moda reflete a realidade do seu país, não estou dizendo que os estilistas brasileiros devam fazer algo fora da nossa realidade. Mas eu penso que é preciso haver mais identidade da parte dos estilistas naquilo que é feito.

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CF – Como definiria a moda neste terceiro milênio?
FR – Eu definiria a moda como democrática.

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CF – Que período antigo da moda (fora o gótico) te cativa mais e por quê?
FR – Sou apaixonada pela moda dos anos 40 e 50, porque era uma época em que a mulher era extremamente feminina, sexy e as formas do corpo mais arredondadas eram muito valorizadas, não havia a ditadura da magreza como há hoje.

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CF – Quais suas modelos favoritas?
FR – Amo a Agyness Deyn e passei a amá-la ainda mais depois que ela participou do clip do Woodkid, chamado Iron. Gosto da Adriana Lima, da Jess Stam e da Keira Knightley, que é mais atriz do que modelo mas está valendo.

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CF – O que difere a moda de hoje da moda de décadas passadas?
FR – Acho que a moda, tanto no Brasil como em todo mundo capitalista, deixou de ser algo autoritário como era no passado. Hoje a moda se tornou uma forma de expressão individual e nunca esteve tão democrática e tão globalizada como está atualmente.

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CF – Quais os maiores erros das pessoas que querem ser elegantes e acabam pisando na bola?
FR – Muitas pessoas acreditam que o simples fato de você estar bem vestido quer dizer que você é elegante. Para mim, pessoas realmente elegantes são aquelas que sabem agir com gentileza em toda e qualquer situação, não somente em uma festa. Ser elegante não é apenas saber como se sentar ou comer corretamente, mas também ter respeito pelos outros, seja qual for sua posição social; ser elegante é agir de forma educada a todo momento. As pessoas esquecem isso e estão cada dia mais superficiais, menos amáveis e se importam cada vez menos com as boas maneiras e com os outros.

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CF – Existe como estar na moda com um orçamento curto?
FR – Sim. Com toda certeza!

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CF – Quais as dicas para ter um bom guarda-roupa sem gastar fortunas?
FR – A dica é não ter preguiça de pesquisar preços. Uma vez eu encontrei a mesma blusa com diferença de 100 reais de uma loja pra outra. Também é possível encontrar muita coisa diferente na internet. Existem milhares de sites para os mais diversos públicos, que vendem desde modinha até peças do vestuário e acessórios para estilos específicos como o rocker, gótico, vintage, retrô, oferecendo tanto produtos nacionais como importados, por preços em conta. Também recomendo que as pessoas frequentem brechós e bazares de troca, porque nunca se sabe o que pode ser encontrado por lá, gastando muito menos. Por fim, o hábito que mais se aplica à minha vida é a customização. Pode ter certeza: grande parte das coisas que muitas vezes estão esquecidas no guarda-roupa tem solução e podem virar roupas completamente originais.

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CF – O que é mais importante pra você: moda ou estilo?
FR – Para mim o mais importante é ter um estilo próprio para que a partir daí você utilize itens de moda que tem a ver com a sua personalidade, para compor os seus looks. Acho que, muitas vezes, quando a gente se sente desconfortável com uma roupa, não é apenas porque ela não caiu bem e sim porque não tem muito a ver com aquilo que a gente é ou gosta.

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Zooey Deschanel
CF – Quais celebridades você mais admira pelo estilo como se vestem e por quê?
FR – Primeiramente, a Dita Von Teese, que é toda linda, sexy e tem um estilo inspirado nos anos 40 e 60, que eu amo. Gosto de estilo romântico de Zooey Deschanel, que mais parece uma bonequinha.
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Dita Von Teese

Também amo a cantora Florence Welch, que além de ter uma voz linda tem um estilo meio puxado para o retrô, cheio de saias longas, transparências, mangas, tudo bem esvoaçante e divônico.
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Florence Welch

Por fim, a pessoa com que atualmente eu mais me identifico é a tatuadora Kat Von D, que é bem vanguardista e tem um estilo  que admiro muito, assim como o trabalho dela como tatuadora.
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Kat Von D

CR – E quais looks já vistos você totalmente reprovaria?
FR – São vários, mas os que eu mais me lembro no momento são o look que a Anne usou no Oscar 2013. Estava parecendo um palmito. E esse da Miley, preciso comentar?
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CR – Quais os maiores pecados fashion?
FR – O maior pecado de todos é ser escravo da moda, além de usar top cropped com shorts/saias de cintura baixa com o umbigo aparecendo (risos).
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Top cropped com saia de cintura no lugar: super in. Ísis Valverde arrasou na passarela.

CR – Quais os melhores conselhos fashion?
FR – Seja você, não tente usar algo que não te cai bem ou que não combina com você, apenas porque está na moda. Não gaste milhões em algo que você sabe que só vai usar uma vez e vai deixar pra sempre no armário, a menos que você tenha a intenção de transformar aquela roupa em algo totalmente novo.  E também recomendo que as pessoas sempre tenham peças básicas e atemporais no closet, pois elas podem sempre ser combinadas das mais variadas formas com as novidades da moda que surgem diariamente.

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CR –  Estamos aí com a fashion history, da qual vc participou. Na sua opinião, qual o personagem histórico mais fashion?
FR – De verdade, a minha favorita é realmente Bettie Page. Ela conseguia passar uma ideia de mocinha inocente e ao mesmo tempo ser super sexy. Gosto da Dita Von Teese porque ela me lembra a Bettie e muito!
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Bettie Page

CR – Qual seu estilista favorito?
FR – Sem querer ser clichê, mas já sendo, diria que o estilista que eu mais admiro é o Alexander McQueen, porque ele tinha algo que falta à maioria dos estilistas: identidade, sensibilidade e uma criatividade fora do comum. Quando você olha pras roupas dele, você olha como se fosse uma obra de arte.
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Gisele Bundchen desfilando para Alexander McQueen, no início da carreira.

CR – Seu sonho fashion de consumo.
FR – Isso é meio estranho, não é bem um sonho comum, mas eu queria ter o elmo do personagem apelidado Cão de Caça, do meu seriado favorito no momento: Game of Thrones, inspirado nas Crônicas do Gelo e Fogo de George R.R. Martin. Vende online em um site chamado Valyrian Steel e custa “milhões”, mas tudo bem (risos).
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CR – Os grandes 'mitos' de quem pensa andar na moda.
FR – Um dos mitos é achar que se vestir para agradar os outros ou a certo grupo é estar na moda. Não é tendo medo de ser você mesma ou do que os outros vão pensar que você vai se sentir bem. Cada um deve se vestir do jeito que se sente feliz, do jeito que tem a ver com aquilo que você é por dentro.
As pessoas também têm que tomar muito cuidado para não se tornarem escravos da moda e daquilo que muitas vezes a mídia impõe sobre a nossa vida. Acho que tem de haver senso crítico e consciência de que você não precisa possuir coisas fora da sua realidade financeira apenas porque estão na moda ou porque a mocinha da novela tem, já que é perfeitamente possível se vestir bem com roupas mais em conta e isso não é ser pior do que ninguém.

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CR – Finalmente, o que é a moda pra você?
FR – A moda diz muito sobre a nossa sociedade, sobre cada indivíduo, sobre o nosso século, nossa economia. Para mim moda é diversão e um meio maravilhoso de me expressar e de me comunicar com o mundo ao meu redor.

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