Os anos 20 serão o tema do ensaio de amanhã para a exposição "Fashion History", com a modelo Thamara Freschi e o fotógrafo Márcio Costa.
E eis que eu resolvo tirar o mofo aqui de casa e me deparo com esta revista, de 1927, que pertenceu ao meu avô Francisco Moura. Herdei do meu pai esta mania de guardar as coisas e já há algum tempo quando vi esta preciosidade no meio dos livros do meu pai pedi que ele me desse e eu a guardo até hoje.
Na verdade a revista é o primeiro número do ano de 1927. Como se vê, não é de hoje que o Brasil atravessa problemas econômicos e uma desigualdade social que nunca se resolve.
No verso da capa, um anúncio de um produto 'moderníssimo': uma 'victrola'. Um presente ideal para você dar praquele chato do ônibus ou do metrô que insiste em ouvir funk no celular. Dá pra ele uma VICTROLA, pra ele ouvir Lili Marleeeeeeeeeeeeene...
Este anúncio deve ter traumatizado a coitada da Rose. Já haviam se passado quase 15 anos e de repente ela topa com um anúncio desse, já pensou? Com um navio estampado, que certamente não era o Titanic, mas o evento ainda era muito recente, e deve ter influenciado o publicitário, além do que o navio continuava a melhor opção de viagens internacionais, no caso de países separados por mares ou oceanos.
Mas o melhor anúncio, o mais politicamente incorreto, é este:
Anúncio de arma, como quem está vendendo um umidificador de ar. Gostei do cavalo também. Aiôooo, Silver! Até me deu vontade de ter um cavalo, do jeito que a vida na cidade anda um faroeste.
Nas páginas internas, há muitos textos interessantes para se refletir sobre o passado e até a parte social e de moda, que é de chorar de rir. E já que também sábado teremos concurso de Miss Comerciária no SESC, aqui umas fotitas pros organizadores se divertirem com o padrão dos concursos da época.
Com uma coroa que mais parece a Estátua da Liberdade, a "Rainha da Beleza", erguendo a saia a safadeeeenha! O tio com um pedaço de papel na mão, não sei se tentando cobrir a moça. As duas do lado esquerdo com cara de inveja, de quem perdeu, e a "moça" do lado direito? Não consegui descobrir. Acho que é um impostor. Mas tudo bem.
Aqui outro concurso de miss dos anos 20, desta vez nos Estados Unidos. A Miss Coney Island acho que daria pra Gisele Bundchen tomar uma sopa na cabeça dela. A da esquerda iria prum desfile plus size. A da direita prum manicômio. Que cabelo é esse? Ô, deusa, faz isso, não... Mesmo assim o moçoilo do canto à direita parece interessado na butique dela.
Então, você que está nessa onda anos 20, de headband, vestidinho melindrosa, pearls e mais pearls... pensa que tudo é The Great Gatsby, é? É, não. Também tinha toda uma aura sem noção e também a ala pobrinha que não podia comprar aquela tiara da Tiffany e que amargava a recessão e os efeitos da Primeira Guerra Mundial. Ou você pensa que os vestidos encurtaram só por conta do vanguardismo de Coco Chanel? Tecido é caro, filha, hello!!!
Mas, tudo bem, também não quero terminar o post tão amarga, que amanhã quero um dia cheio de glamour, que glamour é tudo de bom, nem que seja só pra admirar. Então aqui vão umas fotitas da personagem de "O Grande Gatsby" que eu mais amei. Muito mais que aquela loira aguada e ingrata que se apaixonou pelo personagem de Leonardo di Caprio. Aliás, desde a Rose lá em cima, ele nunca mais se deu bem nos filmes. Acho que é pra pagar os pecados das cafagestices da vida real. Whatever.
Quando Elizabeth Debicki (guar-de es-te no-me) apareceu na telona comprida e elegante feito uma girafa de laboratório, linda feito um pavão, com aquela pele branquíssima e os cabelos escuros cortados a la garçone, olhar hipnotizante, joias que me hipnotizaram literalmente e um figurino de fazer Audrey Hepburn em A Bonequinha de Luxo corar de vergonha, só lamentei o papel dela ter se resumido a leves ares blasés e entortadas de pescoço.
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