segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Papo Fashion - O charme da menina má

"Eu só peço a Deus um pouco de malandragem", cantava Cássia Eller com aquela atitude que 'causava' exatamente porque ela não era uma garotinha esperando o ônibus da escola sozinha. Mas por que as vilãs ou as badass girls muitas vezes são as que fazem mais sucesso, são as mais fashion e mais bonitas?


Angelina Jolie tem a vilanice no sangue. Não importa o quanto pose de santa hoje, o passado lhe condena e - convenhamos - era muito mais sexy. Lara Croft era uma heroína de fazer Stallone pisar pianinho e que não tinha dó de ninguém, não.


É. Ela era uma bad ass, really!


E estranhamente, a malevolice está quase sempre associada à cor escura dos cabelos. Quem não se lembra do seriado "Jeannie é um gênio" (I dream of Jeannie)? A malvada quem era? A morena, claaaaaaaaaro. Aliás, duas manias que a gente não aguenta mais: fazer gêmea com a mesma atriz colocando peruca e culpar sempre a morena. Chega desse preconceito. É igual esse papo de que loira é burra. Pintei meu cabelo recentemente e continuo inteligente. Fui no plano de saúde e, em vez de entregar o pedido do exame, entreguei a nota fiscal de uma compra que eu fiz nas Casas Bahia, mas tudo bem, mera coincidência.


Jeannie loira, a boazinha bobinha (como aliás mulher tinha que ser nos anos 60) e a Jeannie sister. Gostava muito mais da de verde, me divertia muito com suas peraltices.




As meninas más, no fundo, são umas incompreendidas. Bette Davis interpretou A Malvada no cinema, mas apesar do jeito áspero do seu personagem, a pessoa má da história não era ela. Típico caso que muitos já vivenciaram. Pessoas antipáticas não são necessariamente más. Assim como os "legais" um belo dia podem te dar uma bela punhalada nas costas ou falharem no momento em que você mais precisa.
Bette, aliás, era dessas de uma sinceridade cortante, típica das garotas-más-mas-nem-tanto-assim. Um belo dia Ava Gardner, que na época não passava de um rostinho bonito, a encontrou e em êxtase dirigiu-se a ela e lhe disse: "Bette, sou uma grande fã sua". Ao que Bette respondeu: "Claro que você é, querida, claro que é". Néahn?


Bette não foi a única a interpretar vilãs ou quase vilãs adoráveis. O personagem mais famoso de Hedy Lamarr é Dalila, aquela safada que picotou o cabelo do Sansão.


Aliás, vilã que é vilã não tem rompante de arrependimento. Vai lá, tosa, acende um cigarro e fica assim, com este ar blasé como se nada tivesse acontecido.




Talvez a mais emblemática das adoráveis vilãs super sensuais seja a Mulher Gato interpretada por Michelle Pfeiffer. No começo da história, uma secretária super plain e bobinha, com roupas blargh e sem estilo algum. A vida lhe foi cruel e ela pegou a tesoura e um pedaço de vinil - lóoooooogico que tinha que ser vinil - e fez um dos figurinos de vilã mais sexy da história do cinema.





Uma Thurman com suas pernas intermináveis de Hera Venenosa também era capaz de amar. Será?





Mais uma pra provar que a malvadeza não está só na morenice. Até daria pra odiar mais a Rainha Má de Charlize Theron se a Branca de Neve não tivesse sido a sem-sal da Kristen Stewart. E ela até chorou. Afinal, que mulher na menopausa não fica terrível? Ninguém quer envelhecer, né? E ela ainda tinha um passado pra explicar (o passado pra explicar é uma ferramenta, aliás, muito utilizada pelas mazinhas pra justificar suas malvadezas).



Elizabeth Taylor deu um show de interpretação em "A Megera Domada", de Shakespeare. Pena que no final ela acabou domada mesmo. Acabou a graça.




No mundo dos filmes de animação, a personagem mais sexy é Chel de "Eldorado". Ela era sapeca e cheia de truques, óbvio. Bem diferente das princesinhas habituais da Disney, que mesmo quando são intempestivas mantêm um certo decoro.




De novo Liz, que na vida real também não foi santa, aqui como Cleópatra, que também na vida real foi não apenas nada santa, como até bem cruel. Pra ficar no trono, matou o próprio irmão e era capaz das maiores crueldades só por mera vaidade. Coisas de deusa do Nilo. Vai entender. Mas era fashion. Fato.


Nas produções brasileiras também temos diversos exemplos em que os vilões acabaram fazendo mais sucesso que os mocinhos. Um dos mais recentes deles é a Carminha da Avenida Brasil, mas quem não se lembra da Bebel, interpretada por Camila Pitanga, que era pra ser a vilã, a prostituta trambiqueira, e se transformou no maior sucesso de audiência da novela. Suas cenas eram as mais esperadas, pelo seu senso de humor e sensualidade.


Foi um casal bandido que ofuscou os personagens de Alessandra Negrini e Fábio Assunção, com mimimi além da conta.




Outra que chegou no Brasil de navio, de imigrante italiana na novela Terra Nostra, e perdeu o bonde do sucesso, foi Ana Paula Arósio. Personagem principal da trama, a doce e pura Giuliana foi milimetricamente planejada em laboratório pra fazer a sombrancelhuda de olhos azuis estourar no horário nobre, mas foi ofuscada pela personagem de Maria Fernanda Cândido, na época uma estreante, e safadeeeeeeeenha.




Mas calma... Ana Paula Arósio teve sua chance de provar o sucesso. Aliás, provou tanto que até encheu o saco e decidiu sumir. Aqui seu personagem mais memorável, Hilda Furacão, que era quem? Quem? Pergunta lá pra Bebel, que é da mesma turma.


A carinha de santa já prometia, diria Nelson Rodrigues...



E é isso aí, gentem, vamos terminando o post numa homenagem digital a todas as badass girls, com muito par de botas de vinil, muito corset e muito carão. E fui. Beijo, me liga.

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