sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Alexandre Herchcovitch aposta no 'cabra macho'

Eita, que dessa vez Herchcovitch tava com a peste ou com a gota serena. Um dos mais criativos do SPFW, o estilista inspirou-se no Rei do Cangaço, Lampião, e em seu bando, para criar sua coleção de inverno 2014.



Terno com textura de caveiras, já que, por onde o bando de Lampião passava, deixava seu rastro de morte. A polícia também não ficava atrás em crueldade.



A camiseta do modelo tem nítidas referências à literatura de cordel.




E já que as mulheres também com o tempo passaram a fazer parte do bando de Lampião, o qual, no caso, tinha sua Maria Bonita, bora vestir a mulherada também.
No bando de Lampião, aliás, não eram só as mulheres que eram vaidosas. Os integrantes do cangaço gostavam de enfeitar suas roupas e armas com moedas de prata, ilhoses brancos e flores estilizadas. Também usavam muitos anéis nos dedos e, no caso das mulheres, correntes de ouro com medalhões e medalhas.
Dadá, companheira de um dos fiéis seguidores de Lampião, Corisco, e a mulher mais valente do cangaço, foi quem introduziu muitos dos ornamentos usados na vestimenta, bornais (sacos para transporte de água e alimento) e luvas.




 Nos chapéus, os cangaceiros costumavam pregar signos de Salomão, que eram estrelas de Davi, algo parecido com a estrela no centro desta blusa.




O verdadeiro Lampião, o Rei do Cangaço, que aterrorizou o sertão nordestino, nos anos 30, era temido por onde passava, deixando rastro de morte ou não. Até porque depois a polícia costumava passar pra perguntar, e esta também não era lá muito boazinha. Minha avó, sergipana, costumava contar que a polícia certa vez parou para perguntar e ela tremendo de medo disse que não havia visto nada. E não tinha mesmo. Mas que Lampião passou por ali perto, ah isso passou...
Lampião foi a nossa versão do bandido do oeste norte-americano, aquele dos cartazes "Wanted" (Procurado pela polícia, que não deu conta do recado). Terminou morto numa emboscada, a traição, e de mãos dadas com sua amada, Maria Bonita. Pra vocês verem, pra cada tampa tem sua panela.



Maria Bonita, nem tão bonita assim, mas... pra época e pras circunstâncias, uma princesa.



O casal famoso, nossos Boni & Clyde, talvez passasse por bonzinho perto dos traficantes de hoje. Mesmo na época, a fama de sua valentia e a maneira como escapava chegou ao The New York Times, que o apresentou como o "Robin Hood da Caatinga", que roubava dos ricos para dar aos pobres.
Lampião, por sua vez, era tão vaidoso que só usava perfume francês e distribuía cartões com sua foto. Gostava também de entrar nos povoados atirando moedas. Alguma semelhança com os traficantes de hoje não é mera coincidência. Que não se enganem: Lampião e Maria Bonita eram sim pessoas muito cruéis e nada fashion. Moças que usassem cabelos ou roupas curtas, por exemplo, ele costumava marcar o rosto com ferro quente.
Mas o que teria despertado nele tamanha maldade? Conta a história que quando Lampião tinha 18 anos a morte de seus foi encomendada e ele prometeu: "Vou matar até morrer".

No filme "O Auto da Compadecida", baseado no texto de Ariano Suassuna, o personagem de Marco Nanini foi inspirado em Lampião.

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