quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Pérola: a pedra viva

Pedras preciosas há muitas e é certo que o diamante é a mais preciosa delas, seguida por rubis e esmeraldas, dentre as quais as colombianas são as gemas de melhor qualidade.
Entretanto, há algo de mágico e único nas pérolas, porque são as únicas pedras preciosas "vivas", porque são feitas de material orgânico produzido por ostras que reagem a corpos estranhos que invadem seus organismos.





É por isso que pérolas guardadas em caixas durante muito tempo perdem o brilho, mas quando voltam a ser usadas, em contato com a pele humana, recuperam seu viço.
Com o devido cuidado, pérolas podem ser eternas. Elas são como o lado feminino dos diamantes. Aliás, quão femininas elas são... retiradas de ostras, algo tão sugestivamente fêmea que foi dela que Afrodite saiu, das mãos de um pintor renascentista.






Pérolas são tão especiais que estão constantemente a serviço de poetas, quando se transformam em metáforas, e sempre ao dispor de filósofos que utilizam a história de seu nascimento como uma forma bonita de explicar a lapidação da alma causada pelo sofrimento, já que a linda pérola nada mais é que o resultado da dor, da fricção de um objeto estranho na superfície tenra da ostra, que assim desenvolve esta substância orgânica dura, para envolver o tal 'corpo estranho' e se proteger dele.
A pérola é sinônimo das nossas movimentações ao longo da vida, que nos permitem construir uma carapaça em torno do sofrimento e, no final, se deixarmos, parecermos mais belos, mais maduros, mais capazes e mais brilhantes. Nunca conheci algo genial feito por gente que nunca sofreu.
Pérolas são, definitivamente, especiais. E que o diga esta em especial no colar da primeira foto, que pertenceu a Elizabeth Taylor. Mas detalhe: a pérola do pingente, em formato gota, tem mais de 500 anos. É a famosa "La Peregrina", uma das mais famosas pérolas do mundo.




A pérola "La Peregrina" foi encontrada por um escravo africano, na costa do Panamá, em meados do século 16, e foi dada ao administrador da colônia, que retribuiu o escravo com sua liberdade.
Levada à Espanha, foi dada a Filipe II, que a deu a Maria I da Inglaterra, filha de Henrique VIII com Catarina de Aragão.
Quando Maria morreu, a jóia voltou para a Espanha, onde ficou por 250 anos.
A pedra tornou-se um dos ornamentos favoritos das rainhas consortes da Espanha.
Margarida da Áustria, esposa de Filipe III da Espanha, a usou para celebrar o tratado de paz entre Espanha e Inglaterra, em 1605.





Retratos feitos por Diego Velázquez mostram várias rainhas usando a pérola. No retrato acima, Mary a esta usando.
Depois de passar por muitas nobres, a pérola se perdeu e só foi novamente achada no começo do século 19.
Em 1808, o irmão mais velho de Napoleão Bonaparte tornou-se rei da Espanha por cinco anos. Quando deixou o reino, levou algumas jóias com ele, entre elas "La Peregrina".
Em seu testamento, ele deixou a peça para seu sobrinho Charles Louis Bonaparte.
No exílio, Charles vendeu a pérola para James Hamilton, posteriormente Duque de Abercorn, que a deu para sua esposa. A pedra era muito pesada (quase 12 gramas) e foi perdida duas vezes. A primeira, em um sofá, no Castelo de Windsor. A segunda, num baile no Palácio de Buckingham.
Em ambas as situações a pérola foi recuperada, até ser vendida num leilão em Londres, em 1969. Quem a comprou?





Richard Burton, que a deu para sua amada: Elizabeth Taylor, no Dia dos Namorados. Na foto, ela usou a peça para um teste para a personagem Ana Bolena, que ela quis muito interpretar, mas foi considerada velha para o papel.
Na época, Burton pagou quase 60 mil reais pela peça e comentou da alegria de Liz ao ganhá-la, e também de seu pavor quando a pérola novamente sumiu (ô pedrinha pra sumir, viu). Alívio geral quando a acharam na boca do cachorro.
Mais tarde, Liz mandou fazer um colar ao gosto dela, na famosa joalheria Cartier, com diamantes, pérolas e rubis, com a pérola La Peregrina devidamente em evidência, pendurada no pingente, num estilo inspirado em um retrato antigo. Após sua morte, o colar de Liz, com La Peregrina, foi leiloado, mas Liz nunca demonstrou apego a suas jóias. Apesar de adorá-las, vivia dizendo que o que a fascinava não era possuí-las em si, mas usá-las, pois elas naturalmente continuariam aqui quando ela se fosse.




Existem vários tipos de pérolas, de diferentes tamanhos, formatos e cores. As minhas favoritas são as pérolas negras, encontradas somente na Polinésia Francesa.




É deste paraíso, bem como de outras localidades igualmente dos mares do sul, verdadeiros colírios para os olhos, que provém a  pérola negra, que pode ter também várias tonalidades: azulada, esverdeada, acinzentada, amarronzada, negra.
Também existem pérolas de água doce, nas cores preta, branca, rosa e vermelha.




Este anel da marca francesa Le Vian é de cor chocolate.




Pérola rosada.




Tiara de pérolas, que pertenceu a Ana Bolena.




A segunda esposa do rei Henrique VIII parecia amar pérolas, pois vivia com elas adornada.




A atriz britânica Natalie Dormer, quando interpretou Ana Bolena, no seriado The Tudors, também usou muitas pérolas.





Brancas ou negras, redondas ou barrocas, verdadeiras ou não, toda mulher gosta de pérolas.




Principalmente Jacqueline Kennedy Onassis, que dizia: "Pérolas são SEMPRE apropriadas". Ou seja, quer parecer chic sem se esforçar muito? Use pérolas. Elas deixam qualquer mulher elegante, ainda que estejam sobre um tecido de corte simples e reto, como os que Jackie adorava usar.




A modelo Thamara Freschi usou muitos acessórios com pérolas da Ouromil, para o ensaio "Anos 20" da Fashion History, inspirado em filmes como Chicago e The Great Gatsby, cujas histórias foram contemporâneas a Coco Chanel, a famosa estilista francesa que revolucionou a moda no começo do século 20, entronizando as pérolas, principalmente colares compridos, nos looks femininos.

E essas são as pérolas, nome latino, que significa paz, equilíbrio, a busca pelo amor, confiabilidade. Segredos guardados dentro de uma ostra, que duram séculos, milênios, toda uma eternidade, pois quem esperou tanto tempo no fundo do mar, dentro de um molusco, será capaz de brilhar quando for a hora.

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