sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Figurinos bíblicos para celebrar o Dia da Reforma


Há quase exatos 500 anos, o padre alemão Martin Luther (Martinho Lutero) pregava na porta da igreja da Wittenberg as suas 95 teses, em alemão e não em latim (para que o povo soubesse a verdade), nas quais explicava as situações praticadas pela igreja romana da época, que estavam em desacordo com a Bíblia.
Naquele tempo, poucas pessoas sabiam ler e menos ainda entendiam as missas, pois eram rezadas em latim.
Entre os absurdos cometidos pela igreja estava a cobrança de indulgências. Nada mais era do que a venda da salvação e do perdão dos pecados. Com sermões aterrorizantes, a igreja induzia o povo a dar dinheiro aos eclesiásticos pelo bem de sua alma e das almas de seus parentes que poderiam estar sofrendo castigos atrozes no purgatório.
Não vou entrar nos meandros de todas as teses defendidas por Lutero, pois há material para pesquisa o suficiente, dentro e fora da Internet, mas cabe um registro de que, ao contrário do que muitos pensam, Lutero não pretendia com isso, inicialmente, uma ruptura com a igreja católica. Ao contrário, pretendia reformar a igreja, à luz das escrituras, mas foi severamente punido e perseguido.
Para que escapasse do destino de párocos que tentaram o mesmo e foram silenciados na fogueira, Lutero conseguiu o apoio de poderosos príncipes e durante um tempo ficou escondido num de seus castelos, traduzindo a Bíblia para o alemão, para que o povo tivesse acesso a ela e não somente os religiosos. Lutero acreditava que a Bíblia era pra ser lida e compreendida por todos e não um privilégio de eclesiásticos. Pregava a verdade em seus sermões, ainda enquanto era padre e por isso foi afastado. Contou com o apoio de amigos seus também padres, que entendiam sua missão mas que não tiveram a mesma coragem.
Não somente o apoio dos príncipes o salvou, como também a invenção da prensa. Graças a ela, foi possível espalhar rapidamente as escrituras em alemão e trazer o povo à luz da verdade, numa velocidade que os censuradores não puderam acompanhar. Antes dela, era mais fácil pegar as poucas cópias e logo queimá-las, antes que a reação do povo se tornasse impossível de ser contida.
Importante ressaltar que até o último momento, Lutero amou a igreja católica e acreditou que eles pudessem finalmente trazer a igreja de volta aos trilhos, reformando-a e que fossem novamente uma igreja só, mas isso não foi possível, porque dentro da igreja de Roma imperava a ambição e a vaidade, assim como hoje também em muitas igrejas protestantes isso acontece, o que nos faz pensar muitas vezes que seria necessária uma outra reforma. Será?
Bem, penso que a reforma de hoje deve acontecer nos nossos corações, pois, além de nós sermos a igreja de Cristo - nós, pessoas, e não um templo frio, o templo é somente para a reunião dos cristãos que ali prestam seu culto - hoje em dia há liberdade de culto e não é necessário que travemos a 'luta' que foi travada por Lutero, pois no seu caso, sem o apoio dos príncipes e a aprovação da liberdade de culto da igreja que posteriormente passaria a ser chamada de protestante (pois protestavam contra os abusos da igreja romana) eles seriam mortos na fogueira. Hoje em dia, como não há esse tipo de perseguição, uma nova reforma não teria o menor sentido, visto que todos podem professar a sua fé, da maneira como acreditam. Estejam certos ou não, cada um tem liberdade para seguir o que quer. Resta a nós mesmos sempre nos sondarmos para saber se estamos agindo como cristãos verdadeiros ou se nossas vidas precisam ser reformadas.
O Dia da Reforma Protestante, portanto, comemorado em 31 de outubro, serve como uma reflexão sobre nossas atitudes e o Catanduva Fashion aproveita para, nesta data, publicar alguns figurinos de personagem bíblicos, eternizados em filmes e seriados.


A rainha Ester é talvez a mais fashion das personagens bíblicas. Sua beleza, quem diria, ajudou a salvar seu povo, que vivia na Pérsia como deportado. Ao se apresentar para o rei, passou por uma verdadeira temporada numa espécie de spa da antiguidade e foi toda trabalhada no luxo. Tornou-se imperatriz da Pérsia ao se casar com o imperador Assuero, o qual na escola estudamos como Xerxes I.
O primo de Ester, Mordekai, descobriu um complô contra o rei e o Grão-Vizir procurar liquidar os judeus. Ester corajosamente interveio, o povo israelita recebeu privilégios, os quais são celebrados até os dias de hoje numa festa judaica chamada de Purim.
Inscrições cuneiformes mencionam um oficial persa de nome Marduka (que seria Mordekai), no começo do reinado de Xerxes.




Esta maravilhosa pintura da personagem bíblica Rebeca retrata o momento em que ela, já escolhida para ser a noiva de Isaac, recebe enfeites e joias, preparando-se para a cerimônia do casamento. Momento fashion.
Rebeca teve com Isaac dois filhos gêmeos: Esaú e Jacó, sendo Esaú o que nasceu primeiro, diz a Bíblia com Jacó segurando-lhe o calcanhar.
Jacó era meio safadinho e, um dia, aproveitando-se da fome do irmão, trocou sua primogenitura por um prato de lentilhas. Para os que não sabem, para os povos antigos ser o irmão mais velho (o primogênito) era muito importante, significando uma série de privilégios.
Mais tarde, Jacó reconciliou-se com o irmão. Antes disso, porém, sofreu um bocado e, numa noite, lutou com um anjo (alguns teólogos acreditam que este anjo era Jesus). Nesta 'luta', Jacó dizia que não o deixaria ir embora antes de abençoá-lo. O anjo então, por ser muito forte, feriu-lhe na coxa, e o abençoou dizendo que seu nome dali por diante seria Israel e ele seria o pai de uma grande nação. Ali começava a história de Israel, milhares de anos atrás.




Na Antiguidade, vamos combinar, o Egito CAUSAVA. Enquanto o povo de Israel vivia na escravidão ou como um povinho tribal com seus trapinhos, os egípcios eram cheios dos rituais de beleza e dos acessórios estilizados. Mas só a nobreza, claro. O povo só carregava pedra. Nem tinha essa de Torra-Torra ou lojas Marisa.
À nobreza egípcia era moda raspar todos os pelos do corpo, inclusive a cabeça, para evitar piolhos. Usavam perucas com adornos em ouro e pedras preciosas, roupas trabalhadas no linho fino e enfeites em formato de serpente, um animal sagrado pra eles.





O ensaio da Fashion History "Antiguidade" foi inspirado nas rainhas egípcias. No Ocidental, Cleópatra e Nefertiti são as mais famosas, mas na realidade a primeira mulher poderosa de que se tem notícia foi a rainha egípcia Hatshepsut, a primeira mulher a se tornar "Faraó". Alguns pesquisadores suspeitam que Hatshepsut foi a tal princesa, filha de Faraó, mencionada na Bíblia, a retirar o menino Moisés das águas e adotá-lo posteriormente, mas há controvérsias, pois é um período muito antigo e há poucos registros desta época.
O vestido da foto, todo em paetê dourado, é da Casa Fátima.





Gislaine Sampaio, também de figurino Casa Fátima (blusa), investiu no dourado pra entrevista de hoje com Ivo Pinfildi Júnior, presidente do Sincomércio, para o programa Simples Assim. Aliás, se você quer fazer um look rainha da Antiguidade, invista no dourado.



Continuando nosso tour pelas personagens bíblicas...



Mical foi a primeira esposa do rei Davi. Era filha do rei Saul e foi prometida a Davi. Acontece que houve um tempo em que Saul, tomado de inveja e ciúmes, decidiu matar Davi, e ele passou 10 anos escondido em cavernas. Imagina a fashion da Mical lá esperando 10 anos... Não esperou, né. Apaixonou-se por outro. Só que quando Davi voltou, quis a esposa que lhe fora prometida. E na época não tinha choro nem vela. Aliás, choro até teve. A Bíblia fala que o amado dela chorou muito, enquanto ela se casava com Davi. Por isso, percebe-se nas leituras da Bíblia que Mical não amava Davi, tanto que riu dele enquanto ele dançava. Depois de Mical, Davi teve outras mulheres.





Bathsheba foi outra esposa de Davi, mãe de Salomão. Bathsheba também não amou a Davi. Ao menos, não no início, pois este casamento começou de uma forma bem funesta. Davi a viu tomando banho e a desejou. Mandou chamá-la e tiveram relações, pois naquele tempo ninguém podia dizer não ao rei. Quando Bathsheba engravidou, para encobrir seu erro, Davi mandou chamar Urias, soldado de valor, e lhe deu uns diazinhos de férias, digamos assim. Mas, como ele era de valor, negou-se a aceitar, pois achou um absurdo ficar em casa enquanto os demais estavam em campo de batalha.
Concluindo que Urias estava decidido a ficar, para não ser exposto, ordenou que o colocassem na frente do pelotão, para que fosse morto durante a guerra.
Mais tarde, um profeta lhe acusou de seu pecado, contando a seguinte história, resumidamente:
"Certo homem pobre não tinha nada. Tinha apenas uma ovelhinha que lhe era muito querida. Um dia um homem muito rico, mesmo tendo muitas outras ovelhas, passou por ali, tomou a ovelhinha do pobre homem e a preparou para um jantar".
A reação de Davi: "Tão certo como vive o Senhor, tal homem deve morrer". Ao que o profeta respondeu: "Este homem és tu". E o profeta lhe mandou o recado de Deus. Era pra que ele escolhesse entre sete anos de fome ou sete anos nas mãos dos seus inimigos. Verdadeiramente arrependido, Davi disse: "Caia eu nas mãos do Senhor, que é grande em misericórdia". Ao dizer isso, Deus perdoou Davi, mas o filho que Bathsheba esperava veio a falecer e só depois tiveram Salomão.
Na foto, provavelmente a moça que tem a cabeça raspada está velando alguém, pois era costume da época rasgar os vestidos e raspar a cabeça, em sinal de tristeza e pesar.




Rispa, interpretada por Raquel Nunes, era uma das concubinas do rei Saul. Após a morte de Saul, Abner a tomou como esposa.




No cinema, Salomé foi interpretada pela linda Rita Hayworth e recebeu cores de boa moça iludida pela mãe. A história real é provavelmente menos condescendente para com ela, visto que ela compactuou com a mãe para matar João Batista, usando de sua beleza para seduzir o rei Herodes. Após dançar para ele, o rei lhe disse que poderia lhe pedir o que quisesse que lhe seria concedido. Ela pediu a cabeça de João Batista, orientada pela mãe Herodíades.





Hedy Lamarr foi das atrizes mais belas de Hollywood e foi a escolhida para viver Dalila no cinema, aquela que traiu Sansão, cortando-lhe os cabelos e tirando-lhe a força. Mazinha, mas super fashion também. Ao menos a versão do cinema era.





Gina Lollobrigida interpretou a Rainha de Sabá (Sheba), num figurino que era um luxo só.




Sheba teria sido a paixão do rei Salomão. E olha que Salomão teve mulher de sobra: 300 mulheres e 700 concubinas. Nem parece o mesmo cara que no final da vida disse "Vaidade de vaidade... tudo é vaidade e correr atrás do vento".




Boccaccio, em sua obra "Sobre mulheres famosas", afirma que Sheba não era apenas rainha da Etiópia e do Egito, mas também de toda a Arábia. Relatos afirmam que ela tinha um palácio luxuoso, numa ilha chamada Meroe, em um lugar próximo ao rio Nilo.





Queen of Sheba (a Rainha de Sabá) reinou sobre os territórios do Iêmen e da Etiópia, então é provável que tenha sido negra e não branca como tantas outras atrizes que a interpretaram.




Betty Blythe, por exemplo, numa versão tão antiga quanto o ideal de beleza da época: cheinho.




Na visão romântica narrada pelos filmes, Salomão e a rainha de Sabá teriam vivido um tórrido caso de amor, que teria resultado num filho, filho este que seria o ancestral dos judeus negros da Etiópia. É possível que haja outras evidências de tais particularidades em documentos históricos. Entretanto, a Bíblia não se atém a esses detalhes. Apenas narra que a fama de sabedoria do rei Salomão havia chegado à Etiópia, o que fez com que a rainha de Sabá se deslocasse até ele, repleta de ricos presentes, verdadeiros tesouros. Segundo a história, ela teria trazido quatro toneladas e meia de peças de ouro e pedras preciosas. E olha que Salomão já era rico. E eu só queria um anelzinho...





A Rainha de Sabá, em ilustração de Igor Lazarev, montadinha em seu camelo, talvez a caminho de seu encontro com o Rei Salomão.





Ilustração de Queen of Sheba, by Szekeres.




Para fazer a Rainha de Sabá, acessórios com serpentes.





Este bracelete antique é feito com turquesas.




Pra fazer a Queen of Sheba, bracelete da Ouromil. Click by Márcio Costa.




Na Europa e nos Estados Unidos é famoso o Queen of Sheba Cake (Bolo da Rainha de Sabá). Será que seria o nosso "Nega Maluca"? Ou como alguém politicamente correto já disse: "Bolo afro-descendente com deficiências mentais".

Em todo caso, aqui vai a receitinha:

125 gramas de chocolate amargo
Uma colher de whisky ou rum (opcional)
Uma colher de café
100 gramas de manteiga
100 gramas de açucar
100 gramas de amêndoas
3 ovos
1 xícara de farinha

Derreta o chocolate com o café, em banho maria. Adicione a manteiga e o açúcar. Quando estiverem dissolvidos, acrescente os demais ingredientes. Apague o fogo e ponha as amêndoas. Bata as claras e as gemas separadamente. Misture tudo e leve ao fogo por aproximadamente 50 minutos.

Enquanto degusta o bolo, que tal assistir ao filme? Abaixo, cena do filme Salomão e a Rainha de Sabá. Será que este romance realmente aconteceu ou tudo foi apenas um encontro entre chefes de Estado? Fica a dúvida no ar.





Um comentário:

  1. Amei Dri, obrigada. Ansiosa para ver o ensaio pronto. Ah, e a receitinha do Bolo Afrodescendente é muito boa. bjs

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